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Surdez compassiva


Surdez compassiva

Surdez compassiva


Quando falo sobre a DIGNIDADE de um(a) paciente, a lista é vasta sobre a possibilidade de assegurá-la ou comprometê-la, em nossa atuação como profissional de saúde.


Hoje vi a foto do braço machucado de uma paciente e doeu em mim. Um corpo cuja história é atravessada pelo câncer, acumulando 40ª sessões de QUIMIOTERAPIA. Braço que sustenta um tratamento invasivo, doloroso, desgastante, que deixa uma conta de fragilidade física inevitável.


Por mais fortes que sejam, suas artérias vão se tornando mais sensíveis ao longo do tratamento.


Sensibilidade essa que também precisa se fazer presente no CORAÇÃO de quem cuida.

Mas não foi isso que aconteceu. Mesmo explicando sua condição à profissional que a atendia, alertando para a necessidade de um scalp específico, NÃO FOI OUVIDA.


Decidiram saber o melhor para a paciente sem considerar seu pedido e o resultado foi um braço maltratado DESNECESSARIAMENTE.


O corpo de um(a) paciente em tratamento não precisa apenas da medicação, como disse uma vez um paciente de Cicely Saunders, precisa também do nosso coração.


A dignidade de um SER HUMANO é também responsabilidade de quem cuida.

Precisamos aprender a escutar os(as) pacientes com o coração, minha gente! Quando ela disse que precisava de um scalp 22 para assegurar a integridade de suas artérias, o que ela estava dizendo era que precisava de CONSIDERAÇÃO, de DELICADEZA, de GENTILEZA, de COMPAIXÃO.


Temos muito o que aprender com os(as) pacientes. Muito! Começando por limpar nossos ouvidos da SURDEZ COMPASSIVA, a que nos impede de ESCUTAR o SER que existe para além da doença, além do procedimento, além do tratamento.


Assegurar a dignidade de um(a) paciente é assegurar que ele(a) seja visto(a) em sua TOTALIDADE humana, na INTEIREZA de quem sabe sobre si e seu corpo melhor que qualquer profissional de saúde. É garantir que sua vontade seja considerada com RESPONSABILIDADE e ÉTICA. É ter na COMUNICAÇÃO COMPASSIVA o elo seguro entre quem CUIDA e quem recebe o CUIDADO.


Escutemos com o coração, meus amores! Para que a surdez compassiva não anestesie nossa humanidade.

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